Vereador de BH demite assessor suspeito de envolvimento em briga com morte de torcedor do Cruzeiro

O vereador César Gordin (Solidariedade) demitiu seu assessor parlamentar Marcos Vinícius Oliveira de Melo, conhecido como Vinicin, sob suspeita de envolvimento na briga que resultou na morte de um torcedor do Cruzeiro por disparos de arma de fogo no último sábado (2). Dois outros torcedores celestes também ficaram feridos por tiros.

Em comunicado divulgado no Instagram, César Gordin afirmou que não tolera conflitos e assegurou que não houve mortes decorrentes de confrontos entre torcidas organizadas durante seu período como presidente da Galoucura, de 2012 a 2016. “Lidero meus assessores e atletas pelo exemplo, e não aceito participação em briga de qualquer tipo, como a que ocorreu no sábado (02/03). Não sou polícia, nem Justiça para investigar ou julgar ações de quem trabalha em meu gabinete fora do seu horário de trabalho, em sua vida privada. Mas, até que todos os fatos sejam apurados e identificados os responsáveis, decidi pela demissão imediata do meu assessor, que foi citado como tendo tido envolvimento na briga do final de semana", escreveu.

Vinicin trabalha com Gordin desde abril do ano passado, quando o vereador assumiu o cargo na Câmara de BH. Segundo o relatório policial registrado pela Polícia Militar, o assessor parlamentar foi testemunhado agredindo um torcedor do Cruzeiro e impedindo o socorro do torcedor baleado.

"A Polícia Militar registrou que Marcos Vinícius Oliveira de Melo foi condenado em 2013 a 17 anos de prisão pela participação no homicídio de Otávio Fernandes, outro torcedor do Cruzeiro, ocorrido em 2010. Em 2018, ele também foi condenado a um ano e quatro meses de prisão por lesão corporal leve, enquanto seus comparsas foram condenados por tentativa de homicídio na mesma ocasião (novamente em uma briga entre torcidas organizadas)", observou o documento.

Vinicin foi sentenciado a 15 anos pelo homicídio e a dois anos por formação de quadrilha no processo relacionado à morte de Otávio Fernandes em novembro de 2010, quando ele e outros membros da Galoucura espancaram a vítima, de 19 anos na época, na avenida Nossa Senhora do Carmo, nas proximidades do shopping Pátio Savassi.

Respondendo às críticas sobre os antecedentes de Vinicin, César Gordin afirmou que sua intenção era reintegrar o assessor à sociedade através do trabalho na Câmara. "Ofereci oportunidades àqueles que cometeram erros no passado, para que pudessem ter uma ocupação digna e sustentar suas famílias", declarou.

O vereador do Solidariedade também instou as autoridades de segurança pública a agirem. "Espero que as autoridades ouçam mais as torcidas, para que conflitos como esse não se repitam. Esse é um fenômeno social complexo que requer soluções abrangentes e não simplistas", concluiu em sua nota oficial.

Em resposta pelo Instagram, Vinicin negou veementemente as acusações. "Eu, mais do que ninguém, sei que quando alguém morre, independentemente do lado, todos sofrem. Quem me conhece sabe disso. Sou um trabalhador e um pai de família, mas também sou constantemente alvo. Nunca fui covarde e nunca serei. O lado mais fraco é frequentemente o mais prejudicado, e a mídia mais uma vez reforça isso. Sempre foi assim. Não sou responsável pelo que estou sendo acusado e associado. Por favor, procurem saber o que realmente importa. Peço a Deus que desta vez a justiça seja realmente justa", escreveu.

A Galoucura, por sua vez, declarou que "sempre será alvo de ataques de todos os 'formadores de opinião', que não têm ideia da realidade de ser uma torcida organizada". "Quando ocorre um evento lamentável, todos saem perdendo. Uma família perde um ente querido, somos todos criminalizados e marginalizados coletivamente e muitas vezes punidos coletivamente também, algo que não acontece com nenhum outro segmento no Brasil", afirmou a organizada em sua conta no Instagram.

Procurada, a Câmara Municipal de BH informou que não comentará sobre o assunto.

César Augusto Cunha Dias, conhecido como César Gordin, recebeu 4.478 votos em 2020. Ex-líder da Galoucura, ele está em seu segundo mandato como vereador, assumindo o cargo no ano passado após uma disputa judicial com o ex-vereador Uner Augusto (PRTB). Em 2019, na condição de suplente, ele ocupou a vaga de Osvaldo Lopes, eleito deputado estadual. Durante seus dois anos de mandato, ele apoiou o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD).