Vírus Zumbis: Mudanças climáticas podem acordar vírus de quase 50 mil anos

Um virologista, Jean-Michel Claverie, dedicou mais de uma década a investigar vírus "gigantes" encontrados nas profundezas do permafrost siberiano, alguns com quase 50 mil anos de idade. Suas descobertas trazem à tona a preocupação com os riscos para a saúde pública decorrentes do aquecimento global e do descongelamento do permafrost.

Com o planeta 1,2°C mais quente do que nos tempos pré-industriais, a região do Ártico poderá ficar sem gelo nos verões até 2030, liberando gases de efeito estufa como o metano na atmosfera. No entanto, os patógenos latentes encontrados no permafrost são um perigo menos explorado.

Em 2021, uma pesquisa isolou vírus antigos do permafrost siberiano, mostrando que eram infecciosos. Essa ameaça à saúde pública tem sido subestimada, e especialistas alertam para os riscos de infecções virais causadas por patógenos antigos e desconhecidos, com consequências potencialmente "desastrosas".

Os efeitos do aquecimento global na Sibéria também ameaçam a economia russa, uma vez que o degelo do permafrost coloca em risco infraestruturas e recursos naturais valiosos. No entanto, a exploração desse solo congelado aumenta o risco de contato humano com agentes patogênicos prejudiciais.

Há preocupações quanto à contaminação cruzada durante expedições de amostragem, levando à necessidade de abordagens menos proativas e mais cautelosas. A comunidade internacional e organizações como a OMS estão atentas a esses riscos, mas também ponderam sobre os perigos de investigações que podem desencadear pandemias.

O virologista Claverie conclui que, independentemente do resultado da guerra, não retornará à Sibéria para futuras expedições, citando a sabedoria da idade e a necessidade de cautela.