Foto: reproduçãoO Vale 24 Horas recebeu uma denúncia nesta semana sobre a empresa na qual comprou a SAF do Ipatinga Futebol Clube, na denúncia diz que “uma empresa recém-criada, que parece ter surgido do nada, levanta suspeitas de ser uma verdadeira empresa fantasma, um artifício obscuro que pode esconder intenções duvidosas por trás da aquisição do Ipatinga Futebol Clube. Com menos de uma semana de existência, a empresa em questão apresenta indícios preocupantes de uma fachada cuidadosamente montada. É como se estivéssemos diante de uma cortina de fumaça, projetada para encobrir as verdadeiras motivações por trás desse negócio inexplicável”, diz parte do documento.
No contexto, a denúncia ainda contém dados e comprovantes dizendo que está contraindo o que foi falado pelo atual presidente, Nicanor Pires. “Contrariando as declarações do presidente do clube, constatou-se que o endereço fornecido para a sede da empresa, supostamente em Belo Horizonte, na verdade corresponde a uma modesta galeria de lojinhas comerciais na cidade de Lagoa Santa. Essa revelação levanta suspeitas alarmantes sobre a natureza da empresa, uma vez que sua localização não condiz com o nível de negócio fechado e a transação milionária envolvendo um tradicional clube de futebol. Essa aparente discrepância entre a imagem projetada e a realidade do endereço reforça ainda mais a possibilidade de estarmos diante de uma empresa fantasma, cujas intenções e motivações permanecem envoltas em um véu de obscuridade”, completou.
Na oportunidade, o material citou que um dos nomes em que está à frente da empresa, Matheus Lopes, tinha um CNPJ como MEI e, em seguida, montou uma empresa com outro CNPJ aumentando a capacidade financeira. “Uma investigação minuciosa revelou que Mateus Lopes, até recentemente, mantinha apenas um registro como Microempreendedor Individual (MEI), com um capital social declarado de irrisórios R$5.000,00. É intrigante como alguém enquadrado no limite de faturamento anual de 81 mil reais, estabelecido para participantes do MEI, de repente, apresenta capacidades financeiras para realizar uma operação colossal no valor de 84 milhões de reais. Mais surpreendente ainda é descobrir que a empresa MEI está registrada em um endereço residencial no número 162 da Rua Antonio Cesário da Rocha, apartamento 101, localizado no conjunto habitacional do bairro Caiçara, longe dos domínios nobres de Belo Horizonte. Esses fatos levantam questões cruciais sobre a origem dos recursos envolvidos nessa transação e a credibilidade financeira de Mateus Lopes”, diz o documento.
Mas, o fato se torna ainda mais surpreendente quando a mesma denúncia aborda uma relação antiga entre Nicanor e Matheus, dizendo que o novo comprador e o atual presidente já se conhecem há mais tempo. “Descobriu-se que Mateus Lopes, além de ser um antigo amigo de Nicanor, o presidente do clube, é um agente de jogadores de futebol. Nos bastidores do futebol local, comenta-se que Matheus sempre esteve na órbita do time, buscando incessantemente emplacar seus atletas e colocá-los em evidência durante os campeonatos, atitude quase sempre infrutífera, tendo em vista que o time atuou nas divisões inferiores até o último ano. Essa conexão curiosa entre a figura do agente de jogadores e a aquisição do clube acrescenta uma pitada de emoção, como se estivéssemos diante de uma trama peculiar digna de um roteiro de cinema, de Bollywood, claro.
O sócio Maurício Resende de Oliveira, conhecido em sua cidade como Maurício Veículos, também levanta dúvidas em relação à sua capacidade financeira, segundo o material. “Descobriu-se que ele é proprietário de uma pequena empresa de revenda de veículos usados e reside na Rua Cruzeiro do Sul, localizada em Santa Helena, um bairro modesto na região do Barreiro em Belo Horizonte. Essa realidade contrasta significativamente com a magnitude da transação em curso, levantando questionamentos sobre a origem dos recursos e a solidez financeira de estar envolvido em um negócio de tal envergadura”.
O Vale 24 horas obteve também acesso exclusivo a documentos que comprovam a situação na qual é denunciada, uma delas diz que Mateus Lopes, o sócio-administrador da empresa em questão, não apenas possui uma estreita relação com Nicanor Pires, mas também desempenha o papel de fiador e co-locatário no aluguel do apartamento em que o Presidente reside, no bairro Cidade Nobre, em Ipatinga. Na oportunidade, o denunciante descreve da seguinte forma, “Essa ligação íntima levanta sérias suspeitas sobre a natureza do negócio em andamento. O fato de Mateus Lopes ter assumido a responsabilidade de ser fiador do imóvel que o responsável pela “venda” do clube reside é apenas mais um exemplo perturbador dessa complexa rede de relações obscuras. As conexões entre eles são tão evidentes que se torna difícil ignorar os indícios que podem estar por trás dessa repentina aquisição”.
É imprescindível destacar que recentemente o Vale 24 Horas trouxe à tona documentos que revelam um intricado imbróglio jurídico envolvendo o Ipatinga Futebol Clube. A empresa Kraken Esportes S.A. alega ser a legítima proprietária da Sociedade Anônima de Futebol (S.A.F.) do clube e tomou medidas legais, como a impetração de um pedido liminar de Tutela Antecipada, na tentativa de retomar a gestão da agremiação.
No documento ainda destaca que “é intrigante o silêncio da misteriosa empresa em relação à compra do Ipatinga Futebol Clube. A falta de transparência e a recusa em esclarecer os detalhes sobre a origem e os propósitos dessa empresa levantam a suspeita de que tudo isso pode ser parte de um plano cuidadosamente arquitetado nos subterrâneos do mundo do futebol local”.
Durante uma entrevista concedida à rádio Itatiaia do Vale do Aço, Nicanor Pires, destacou que conversou com um investidor que existe por trás da empresa e seria o responsável por injetar o dinheiro. “Se vocês pesquisarem aí, as empresas que tem adquirido clubes no Brasil elas tem tido essa prática (de criar um novo CNPJ) para não atrelar empresas já consolidadas com dívidas que não diz respeito a eles, que seria a dívida do clube. Então, optaram por criar um novo CNPJ, onde não consta os dados ou o nome, no nosso caso, do investidor principal, da pessoa que detém o recurso financeiro e que vai assumir todos os compromissos de agora pra frente pra evitar problemas judiciais”, afirmou o presidente do clube.
A denúncia terminou dizendo que:
Mas afinal, o que exatamente significa uma empresa laranja ou de fachada? Esse termo se refere a uma entidade criada com o intuito de dissimular a verdadeira identidade dos envolvidos em uma transação. A empresa de fachada atua como uma cortina de fumaça, encobrindo os reais responsáveis pela operação e dificultando a rastreabilidade do dinheiro ou dos interesses por trás dela.
A prática de utilizar empresas de fachada pode configurar uma série de crimes graves. Entre eles, destacam-se a lavagem de dinheiro, a fraude, a sonegação fiscal e a evasão de divisas. É necessário um minucioso trabalho investigativo para desvendar os indícios e evidências que possam levar à descoberta da verdade por trás dessa trama obscura.
À medida que novas informações emergem e o enigma se desenrola, é essencial que a sociedade e os torcedores acompanhem atentamente o desdobramento desse caso. A revelação do verdadeiro comprador e a exposição dos eventuais crimes cometidos podem trazer clareza e respostas para a pergunta que ecoa na mente de todos: como é possível vender um clube de futebol duas vezes? A busca pela verdade e pela responsabilização dos envolvidos é crucial para a preservação da integridade e da confiança no ambiente esportivo e empresarial.
