A população do Rio Grande do Sul tem observado com preocupação a frequência com que ciclones extratropicais têm se formado no estado ou em áreas próximas ao seu território. Apenas nos últimos três meses, já foram registradas nove ocorrências desse tipo de fenômeno, sendo um acontecimento notável para a região.
Os meses de junho e agosto testemunharam a passagem de um ciclone cada. No mês de julho, foram contabilizados três ciclones, e setembro já registra quatro ocorrências. A recorrência desses eventos, muitas vezes acompanhados de chuvas intensas e ventos fortes, tem levado especialistas a analisar a situação.
"Normalmente, esses ciclones resultam em episódios de chuva, seguidos por uma massa de ar frio que se instala após sua passagem. Este ano, estamos observando uma frequência muito maior e uma intensidade mais acentuada desses eventos" afirma Luciano Zasso, coordenador do curso de Geografia da Escola de Humanidades da PUCRS.
Relembre os ciclones dos últimos meses:
Como se formam:
Os ciclones extratropicais se originam devido ao contraste de temperaturas entre as massas de ar quente e frio que se encontram na região do RS. O ar frio provém da Argentina e do Uruguai, enquanto o ar quente e úmido é empurrado do interior do continente devido ao fenômeno El Niño.
"O contraste térmico entre o Sul do continente e a Região Central do Brasil, que enfrenta temperaturas elevadas, juntamente com a intensificação do El Niño, explicam essas chuvas intensas e a formação de ciclones que se deslocam para o alto-mar" explica o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Marcelo Schneider.
Previsão para a primavera:
O fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, deve ganhar força durante a primavera. Isso aumenta a possibilidade de formação de mais ciclones extratropicais ou outros sistemas de baixa pressão atmosférica, que podem resultar em mais chuvas sobre o RS.
A Climatempo Meteorologia alerta que a chuva deve ficar acima da média histórica nos meses de outubro, novembro e dezembro. Com o grande volume de chuva que já caiu sobre o estado, espera-se a ocorrência de outros eventos, como cheias, inundações e transtornos.
"É importante lembrar que a primavera é uma estação que historicamente apresenta eventos de chuvas fortes na região Sul, mesmo sem a influência do El Niño. Este fenômeno ainda deve ganhar força até o final do ano, conforme as análises mais recentes dos principais centros de monitoramento, com um possível enfraquecimento apenas no outono de 2024" , destaca a meteorologista da Climatempo, Josélia Pegorim.