27/09/2023 às 14h56min - Atualizada em 27/09/2023 às 14h56min

Gerdau em alerta: importações de aço Chinês ameaçam empregos e produção nacional

A iminência de demissões e a necessidade de ajuste nas tarifas de importação dominam o debate no Congresso Aço Brasil 2023

Redação
CEO da Gerdau, Gustavo Werneck — Foto: Congresso Aço Brasil/divulgação

Em meio à alta de importações no Brasil, o Congresso Aço Brasil 2023, ocorrido nesta quarta-feira (27) em São Paulo, foi palco de debates intensos sobre o futuro da indústria siderúrgica nacional. Gustavo Werneck, diretor-presidente e CEO da Gerdau, trouxe à tona o problema atual da empresa: cerca de 600 de seus 20 mil trabalhadores estão com contratos suspensos há quatro meses.

“A situação é alarmante. Temos uma planta no Ceará parada, outra em São Paulo e diversos turnos inativos de norte a sul”, detalhou Werneck. A ameaça das importações chinesas ao produto nacional levou o CEO a solicitar intervenções do governo federal. “Se nenhuma medida for tomada contra a 'inundação de aço chinês', enfrentaremos demissões em breve", alertou.

Em meio a esses desafios, o setor propõe elevar a tarifa de importação de aço para 25%, alinhando-se às práticas adotadas pelos EUA, União Europeia, México e possivelmente pelo Chile. A tarifa atual é de 9,6%, embora haja exceções.

No entanto, nem todas as unidades da Gerdau enfrentam essa adversidade. "Em Minas Gerais, onde temos cerca de 60% de nossa capacidade produtiva, os empregos ainda estão seguros", disse Werneck. Contudo, ele acrescenta que esforços têm sido feitos para realocar funcionários de produção para áreas de investimento, mas o panorama em Minas Gerais também pode se complicar.

Jefferson De Paula, presidente do Instituto Aço Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos, reforçou essa preocupação. Ele estima que a Arcelor produzirá 1,3 milhão de toneladas a menos devido à crescente competição do aço chinês. “Isso pode gerar um problema social significativo no país”, lamentou.

Os números falam por si: em agosto, o Brasil importou quase 500 mil toneladas de aço, o dobro da média padrão. A China, apoiada por subsídios estatais, é a principal fornecedora, o que permite que seus produtos sejam mais competitivos, levando o setor siderúrgico brasileiro a reivindicar por justiça.

Frederico Ayres Lima, conselheiro do Instituto Aço Brasil, assegura que aumentar o imposto de importação não inflacionará o preço do aço brasileiro. "Não é racional pensar que uma indústria operando a 40% da capacidade aumentaria os preços devido a uma alíquota", afirmou.

Entretanto, há vozes discordantes. Tiago de Aragão, CEO da Arko International e especialista em relações China-América Latina, prevê retaliações chinesas caso o Brasil restrinja as importações de aço. “A China pode mirar nosso setor agrícola, paralisando as decisões brasileiras”, analisou.

O cenário é de incerteza e tensão. O equilíbrio entre proteger a indústria nacional e manter relações comerciais saudáveis com a China será, sem dúvida, um dos maiores desafios para o governo brasileiro nos próximos meses.


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