Presidente do Irã morre em acidente de helicóptero 'fanático que condenou milhares à morte'

A mídia estatal do Irã confirmou a morte do presidente Ebrahim Raisi em um acidente de helicóptero neste domingo (19), causado por instabilidade climática. Raisi, um líder ultraconservador, estava retornando de uma viagem oficial ao Azerbaijão quando a tragédia ocorreu. Além do presidente, outras três pessoas também faleceram no acidente: o chanceler Hossein Amir-Abdollahian, o governador de Azerbaijão Oriental, Malek Rahmati, e o líder religioso Hojjatoleslam Al Hashem.

O que aconteceu

A confirmação da morte do presidente Ebrahim Raisi veio por volta das 7h de segunda-feira (hora local), equivalente a 0h30 em Brasília. O helicóptero, que havia sido localizado nas primeiras horas da segunda-feira, caiu no domingo entre as cidades de Varzaqan e Jolfa, na província do Azerbaijão Oriental, conforme informou a agência de notícias estatal IRNA. A região montanhosa e de difícil acesso, juntamente com o mau tempo, complicou as operações de busca e resgate.

Inicialmente, as informações sobre o acidente não indicavam sua gravidade. O vice-presidente para Assuntos Executivos, Mohsen Mansouri, afirmou que dois membros da comitiva presidencial haviam conseguido conversar com equipes de resgate. Já o ministro do Interior, Ahmad Vahidi, declarou à IRNA que o helicóptero fez um pouso forçado devido ao mau tempo e à neblina.

O presidente Raisi estava no Azerbaijão para a inauguração de uma barragem, a terceira construída em colaboração entre os dois países no rio Aras.



Reações à tragédia

Antes mesmo da confirmação oficial da morte, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, tentou acalmar a população, afirmando que ninguém deveria ficar preocupado ou ansioso porque "a gestão do Estado do Irã continuará normalmente."

Quem era Ebrahim Raisi?

Ebrahim Raisi, de 63 anos, nasceu em novembro de 1960 na cidade sagrada xiita de Mashhad, no nordeste do Irã. Ele fez carreira no Judiciário, ocupando cargos de destaque, como procurador-geral entre 2014 e 2016, vice-chefe de Justiça de 2004 a 2014, e promotor e procurador adjunto de Teerã nas décadas de 1980 e 1990. Raisi chegou à presidência em 2021, após vencer no primeiro turno das eleições, com uma campanha focada na anticorrupção e na defesa dos pobres, apesar da abstenção recorde e da ausência de um opositor forte.

Antes de assumir a presidência, Raisi substituiu o moderado Hasan Rohani, cuja principal conquista foi o acordo nuclear de 2015 entre o Irã e seis potências ocidentais. Raisi, porém, foi uma figura controversa, acusado de violações dos direitos humanos, especialmente pela execução de cerca de 3.000 dissidentes em 1988, e foi sancionado pelos Estados Unidos por essas ações, acusações que Teerã nega.

Impacto e futuro político

A morte de Raisi pode desencadear uma disputa interna pelo poder no Irã. Segundo Uriã Fancelli, mestre em Relações Internacionais, essa disputa dificilmente envolverá uma verdadeira oposição, pois os grupos opositores têm encontrado cada vez mais dificuldades para se candidatar e se eleger, devido à perseguição e desqualificação pelo Conselho Guardião, responsável por aprovar ou barrar candidatos para as eleições.

Este trágico incidente marca um momento de incerteza política no Irã, que deve acompanhar os próximos passos das autoridades e possíveis mudanças na estrutura de poder do país.