O município de Ipatinga vem sofrendo nos últimos dias com a falta de alguns medicamentos comuns normalmente fornecidos pela rede pública ou utilizados em sua rede de atendimento, devido ao desabastecimento que acontece em todo o país, em decorrência de fatores externos.
De acordo com a Secretaria de Saúde (SMS), cerca de 40 fórmulas de remédios não têm sido repostas, como o ácido acetilsalicílico (AAS), conhecido popularmente como aspirina, amoxicilina, furosemida, azitromicina, prednizona e vitaminas do complexo B, dentre outras.
“O problema de falta de remédios é nacional e hoje atinge grande parte do país. Porém, a administração de Ipatinga não está indiferente à questão, mantendo contato permanente com os principais órgãos federais e estaduais, como o Ministério da Saúde, Anvisa e a Secretaria de Saúde de Minas Gerais. Infelizmente, trata-se de um colapso no mercado mundial e que hoje penaliza grande parte do Brasil”, destacou o prefeito Gustavo Nunes.
O secretário de Saúde do município, Cléber de Faria, complementou:
“O desabastecimento de remédios que hoje nos assola funciona como uma espécie de ‘efeito cascata’, pois grande parte do Estado e do país também está sofrendo com isso. A demanda aquecida e fatores como a pandemia e até mesmo conflitos bélicos atuais são algumas das razões para essa escassez”, especificou.
Desabastecimento no Brasil e MG
Conforme relatório do Ministério da Saúde, desde o fim de março de 2022 o órgão tem recebido demandas de Secretarias de Saúde, associações de pacientes e Conselhos de Secretarias de Saúde (Conasems, Conass) sobre o risco de desabastecimento e/ou falta de alguns medicamentos. Diante da situação, tem realizado ações para identificar as causas do risco do desabastecimento e buscar soluções para o problema.
As causas diagnosticadas pelos municípios, hospitais e farmácias são a dificuldade na importação de excipientes (substância farmacologicamente inativa usada como veículo para o princípio ativo, ajudando na sua preparação ou estabilidade) e materiais para embalagem; aumento do custo de fabricação; altas do dólar, combustível e energia, que refletem no preço de produção; alta inesperada da demanda; crise causada pela pandemia de Covid-19; a Guerra na Ucrânia e, principalmente, o lockdown na China.
O fator central identificado como origem do desabastecimento é a falta de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), matéria-prima de todo medicamento e a principal responsável pelo seu princípio ativo. Mais de 95% da IFA utilizada pela indústria farmacêutica são importadas e 68% vem da China. O Brasil é muito dependente de matérias-primas de países como Índia e China, que são os maiores produtores do mundo.
Em Minas Gerais, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), cerca de 51 medicamentos e insumos estão em falta, incluindo itens como dipirona venosa, soro e contraste e, também, remédios para enfermidades como Mal de Parkinson, diabetes e hipertensão.